domingo, 15 de janeiro de 2012

Poesia sem letras

Homenageou aniversários e os anos passando
Latiu e ensurdeceu o cachorro do vizinho
Gritou mais alto que a cidade barulhenta
Cantou a cidade que não lhe reconhece
Poetizou aquilo que não tem conserto
Torceu pra um time que é só catraca
Amou quem ria de sua desgraça
Escolheu o amigo mais egoísta
Elogiou quem era só crítica
Riu das piadas pra disfarçar
Esperou o tempo passar
Deixou a cidade pra lá
E enfim
silêncio

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Não entendi

Quando eu era criança adorava ouvir histórias mas nunca entendia o final. E o engraçado é que no dia seguinte esperava novamente o horário da contação para não entender nada tudo de novo.

Também os livros pareciam sem graça. Lia os poemas e as poesias com entusiasmo, mas ao final das histórias era sempre um tchibum, quá quá quá, que nem dava pra saber o que queria dizer.
Até hoje a vida é meio assim: Um tal de viver histórias que terminam sem graça, ouvir outras que nem sei como terminaram... Tem personagem que aparece depois some sem nem se despedir, mocinho que nem mocinho era. Bandido que põe medo mas nunca aparece... 

Tem coisas na vida que eu não entendo! Vai ver que é por isso que adulto conta um montão de histórias sem graça que dá vontade de nem prestar atenção. Só os desenhos é que se salvam.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Alô


Papai tinha namorada
mas a mamãe não sabia
Mamãe tinha namorado
e pensava que era o papai

Papai sentia amor
mas não pela mamãe
Mamãe sentia amor
pelo papai e mais ninguém

Quando mamãe descobriu
que o telefone do papai
Tinha um número diferente
do que ele dava pra gente

Pensou, chorou, chorou
e a partir daquele dia
Passou a se ligar
na mentira que vivia

Papai se desculpou
tentou nos explicar
Mas hoje o que sobrou
Foi uma casa sem lar

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Cada coisa!

Vamos cantar?
Leio o livro enquanto pulo
Salto e como macarrão
Chupo o molho entorto a faca
Na toalha uma desgraça
Cotovelo escorregão

Na TV um programinha
Na internet um programão
No baleiro oferta farta
No ipod uma balada
Telefone de montão

Chega a noite tô sem sono
Ligo a televisão
Meu canal hoje tá chato
Mudo mudo e não me acho
Na orelha o som é bom

Hoje a fada do soninho
Traz pra nós uma lição
Pra dormir bem sossegado
Tem que estar bem antenado
Na caminha e no colchão

Quem faz tudo ao mesmo tempo
Põe sorvete no macarrão
Muda o canal do livro
Come bala de revólver
E procura chifre em cabeça de cavalo

Entendido?