quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Presentes de Natal


O papai ganhou um barbeador
e não usou

A mamãe ganhou um ferro
e detestou

O menino ganhou uma camiseta
e achou feia

A menina ganhou a boneca
que mais odeia

A vovó ganhou um perfume
fedido

O vovô ganhou um pijama
esquisito

O porteiro ganhou panettone
e foi o décimo

O titio ganhou meias
e achou péssimo

O bebê ganhou um beijo
no nariz

E o cachorro só com um osso
ficou feliz!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Duende e a Dona Natureza

Lá vai o pequeno duende,
Muito preocupado, na floresta,
Pois Dona Natureza está doente
já não há motivos para festa.

--- Porque tão triste, Dona Natureza?
--- Estão me matando, Senhor Duende!
--- É coisa do bicho-homem,com certeza!
--- Este bicho malvado! Quem o entende?

---Antes, só derrubava as árvores velhas!
---Agora, acaba com tudo, de forma brutal!
---Precisava é de um puxão de orelhas!
---Sabe construir máquinas! Se acha o tal!

Então, avistam alguem
Era o bicho-homem com a serra elétrica.
Não vai machucar mais ninguem!
Gritou o duende, de forma histérica.

Ficou, então, invisivel.
Colhendo o pó de várias flores.
Jogou tudo na cara do ser desprezível.
E este, se contorceu, cheio de dores.

Ficou cego, por um segundo.
Deixando cair a serra elétrica, em cima do cinto.
As calças cairam, e com a maior vergonha do mundo
fugiu. Deixando o pequeno duende, rindo.

---Pronto, Dona Natureza
Espantei o bicho-homem, de vez!
---Ah, duende! Ele voltará, com certeza...
---E seja alérgico à abelhas, talvez...

Disse o pequeno duende,
preparando uma armadilha.
---O que será que ele pretende?
Pensou Dona Natureza, diante do Senhor Sol que brilha.

O Senhor Sol, bondoso, respondeu:
---Se pudesse, não esquentaria o bicho-homem,
No começo, agia só por instinto, agora, se perdeu
e os recursos da Dona Natureza, a cada dia, somem!

---Ah, Senhor Sol! Eu juro
que se não fosse o pequeno duende...
me meteria num buraco escuro...
E desistiria de ser bela e verde!

---Não desista, Amiga Natureza!
O bicho-homem ainda vai se arrepender...
---Não duvido! Tenho certeza...
Só espero que não seja tarde demais...
E que eu própria, não consiga ver isto acontecer!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Ainda presente

Quando eu era pequenininha que nem sabia pronunciar meu sobrenome, mudei para uma casa grande que precisava de reformas.

Meu pai comprou um monte de areia e o caminhão despejou na garagem, que para mim era um galpão imenso.

Quando minha mãe estava ocupada me deixava brincar naquele monte e eu ficava lá com meu amigo que era meu amigo por sorte, daquelas coincidências que a vida faz acontecer uma vez só: Tinha meu tamanho, minha idade e morava bem ao meu lado.

De tudo o que me lembro da minha infância, nenhuma lembrança é mais fresca do que os dias que passei brincando com ele naquele monte de areia. Nossas palavras eram poucas e nosso prazer em ficar ali, naquela garagem fresquinha cheia de sombra e cheia de areia era tamanha que nem precisávamos lanchar.

Naquele momento não havia praia, nem castelos. Não havia ninguém passando lá fora, nem medo do bicho geográfico. Não havia coceira nem incômodo. Não havia ninguém que pudesse competir conosco naquela montanha de felicidade.

Meu amigo foi meu amigo por mais uma dezena de anos. E é meu melhor amigo até hoje. Nas lembranças do monte de areia, nas lembranças do primeiro dia de aula, no choro da saudade da mãe, na tristeza quando ele partiu.

Hoje, nesse dia de Natal, o que me faz falta nem é o monte de areia. Essa o Papai Noel pode me trazer de caminhão e, se vier várias vezes, pode até caber dentro daquele saco vermelho onde ele carrega os brinquedos.

Hoje quem me faz falta é meu amigo André, que desde aqueles tempos quando brincávamos na areia, é, até hoje, meu companheiro de todas as lembranças de vida onde estive ao lado da felicidade.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Papai Noel e o Efeito Estufa




Querido Papai Noel,
 
Acho que esse negócio de presente de Natal é bem bacana.
Eu me comportei o ano inteiro... Quer dizer, exagerei no doce de leite que a Tia Rafa trouxe e peguei uma dor de barriga daquelas!... Também teve aquele lance do aparelho de medir pressão do vovô que apareceu quebrado... Dei uma de migué com a minha mãe e com meu pai, mas pro senhor não adianta mentir, né, o senhor sabe que fui eu mesmo...
Mas vamos parando por aqui antes que o senhor desista de me dar um presente. Se comportamento valesse nota, como na escola, acho que na média eu passava de ano. Porque, tirando essas bobeirinhas, sou um filho e um neto bem legal! E por falar em escola, o senhor viu minhas notas!? Esse ano tirei até um 10 em educação física!
Então, na boa, acho que posso pedir um bom presente. Tô querendo um Wii.
Mano, quer dizer, Papai Noel, esse jogo é mó legal! E se o senhor achar que tá muito caro, minha mãe falou que na Galeria Pagé vende e que lá tudo é mais baratinho.
Mas pra dizer a verdade, tô escrevendo essa cartinha pra falar com o senhor... Esse negócio de presente de Natal é bem bacana mesmo, mas pra que tanto papel pra embrulhar? Papai Noel, isso é antiecológico!!! Já pensou em quantas árvores são destruídas por ano só pra o senhor embrulhar essa presentaiada toda? E a primeira coisa que a gente faz logo de manhã é rasgar o papel mesmo...
Essa estória de efeito estufa é coisa séria. O senhor já deve ter percebido aí no Polo Norte que o gelo está derretendo todo!
Então, Papai Noel, me faz um favor, este ano deixa o meu Wii debaixo da árvore sem embrulhar mesmo, tá?

Beijos,
Paulinho

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Todo mundo é chato!



Todo mundo é chato!


O meu pai porque gosta de bolinho de carne
mas não come carne moída nem croquete


Minha mãe porque conta mil vezes a mesma história
e quando começa a falar já sei onde vai dar


Minha irmã porque passa o dia todo falando da vida dos outros
mas não gosta que ninguém fale da dela


Todo mundo é chato!


A vizinha porque não gosta quando eu martelo
mas tem um cachorro que martela no meu ouvido


A professora que de tanto saber tanta coisa
acabou pensando que sabe mais do que ninguém


O médico que se acha melhor do que os outros
mas quando fica doente sai procurando outro médico


Todo mundo é chato!


O meu primo que quando vem em casa
fala fala e não quer saber o que eu acho


O meu tio que de tão rico todo ano troca de carro
mas compra sempre o mesmo modelo e a mesma cor


A minha tia que não consegue fazer o serviço de casa
mas todo dia fala mal da empregada que faz tudo


Haja chatice!


Eu mesma, tem dias que nada me serve:
nem feijão, nem pãozinho, nem batata


Não que eu seja chata.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Papai Noel e o Fuso Horário




Comecei a pensar:
Como é que pode Papai Noel estar em todas as casas na mesma hora? Como é que pode, exatamente à meia-noite do dia 24 de dezembro, Papai Noel entregar presentes pra todas as crianças do mundo?
Pensei, pensei e a coisa não entrava na minha cabeça. De repente, duvidei que Papai Noel existisse. Fui falar com a minha mãe:
— Mãe, Papai Noel não existe, né?
— Quem te disse uma coisa dessas?!
— Ninguém. É que fiquei pensando, isso deve ser historinha pra criança, porque é impossível alguém estar em todos os lugares ao mesmo tempo...
— Bom, pra começo de conversa, o Papai Noel não é igual a gente. Ele é meio mago e meio santo, não obedece e nem acredita nas leis da física e nas limitações do homem.
— Hum?
— Papai Noel não duvida de nada, ele acredita que tudo é possível. Depois, suas renas são mágicas e seu trenó, é claro, é enfeitiçado. Isso torna tudo mais fácil.
— Mesmo assim, quantas casas têm no mundo?
— Milhões... Mas ele não precisa estar em todas ao mesmo tempo. Ele usa o fuso horário a seu favor.
— O fu de quem?
— O fuso horário é o que faz com que, quando é meia noite no Japão aqui no Brasil seja meio-dia.
— Hum...
— É como se o mundo fosse dividido em 24 fatias, daí a meia-noite vem chegando aos poucos no mundo inteiro. Do oriente para o ocidente. Primeiro no Japão, depois na China, depois na Índia, depois na Europa, depois no Brasil etc, etc.
— Hum...
— O que quer dizer que o Papai Noel tem uma hora pra entregar os presentes no Japão, depois uma hora pra entregar na China...
— Nossa, mas comparando o tamanho do Japão com a China, na China ele tem que correr bem mais!
— É nessa hora que as renas mágicas e o trenó encantado entram em ação!
— Acho que entendi... Mas se são 24 meias-noites diferentes no mundo... Então ele trabalha 24 horas sem parar?! Um dia inteiro sem dormir?!
— É. Mas depois ele tem bastante tempo pra descansar...
— Ô, coitado... tão velhinho.


Depois que eu entendi o fuso horário, parei com essa bobagem de achar que Papai Noel não existe. Agora vou perguntar pra minha mãe se ela compra um barbeador pra eu deixar pra ele de presente quando ele vier aqui em casa. Acho que lá na Lapônia não tem dessas coisas, não.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os Olhos das Coisas




E se
na época de aprender os nomes das coisas,
não tivesse mamãe ou papai que me ensinasse,
e tivesse eu
que dar nome novo a tudo o que visse?

Então
geladeira não seria geladeira,
mas máquina de fazer água em pedras que queimam ao contrário.

Mas máquina não seria máquina,
mas coisa que faz.
Água não seria água,
seria dá.
E pedra seria punc.
Queimar seria borbotejar,
e ao contrário, ramamedi.

Tudo só porque eu quis,
porque não tinha ninguém pra dizer
o certo é assim ou assado,
ou frito ou ensopado.

E geladeira virou
"Coisa que faz dá punc borbotejar ramamedi".

E se
na época de aprender os nomes das coisas
não tivesse mamãe ou papai que me ensinasse
e tivesse eu
que dar nome novo a tudo o que visse?

Então nuvem não seria nuvem
mas brincadeira branca no céu azul.
Mas brincadeira não seria brincadeira
e sim zazoeira,
branca seria vuuuu,
e ceú e azul teriam o mesmo nome:
"Oh!"
Assim com exclamação e tudo.

Então nuvem seria
Zazoeira vuuuu no Oh!

Tudo seria novo e diferente,
cada coisa teria um nome mais extrapoliante que o outro!
O que quer dizer extrapoliante?
Ah, você entendeu, tenho certeza!

E como céu e azul teriam o mesmo nome
quando o céu não estivesse azul
a gente não diria que o céu não está azul
a gente diria: o céu está desceuzado hoje!

E se
uma criança nascesse com os olhos azuis,
a gente diria
que a criança trouxe o céu
nos olhos.

Tudo só porque eu quis,
porque não tinha ninguém pra dizer
o certo é assim ou assado,
ou frito ou ensopado.

E você pode fazer
um mundo inteiro novo também
só pra você,
porque cada coisa só é o que é
dependendo dos olhos
de quem vê.

E se
na época de aprender os nomes das coisas
não tivesse mamãe ou papai que me ensinasse
e tivesse eu
que dar nome novo a tudo o que visse?

Ah, o mundo seria
uma eterna brincadeira
de palavras e letras,
o mundo todo não passaria
de uma grande
poesia!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Coisa




Por que di manhã
eu já não nasço sabendo
isso é que não sabo

Por que o gato
tem esse barato
com o rato?

Por que o pato
não é tatu?
E tatuagem?
Se chama tatu-agem porque
a tinta emburaca debaixo
da pele da gente?

Por que que um porque é junto e o outro se
parado?
Por que tem até um acentuado?
Por quê?

qor pe eu não posso əscrever os númeяos
oa contrário¿
Pra que serve um w só,
por que no abecedário já não vem
www?

Quem pode me explicar
as coisas
que eu não quero saber?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vizinhança do Barulho





Fiz minha casa ao lado
da Rua do Nada

Número zero.
Se vier me visitar,
você vai gostar um bom-bocado,
Tem bombom por todo lado. 

A campainha faz creck
de pé-de-moleque!
E logo na entrada
a escada de cocada:
cada degrau um pouco mais curada,
daquela branquinha
até a marronzinha. 

Pode se lambuzar
sem lero-lero,
repetir
pedir mais
- Me dá um teco!
- Também quero!
que nunca se acaba. 

As paredes, é claro, são de chocolate,
e a bruxa - que disparate! - puxa-puxa
é um doce!
E se não fosse,
meia-volta! 

E o chão
- que fofo colchão! -
é um bolo!
belo bolo, bolo belo
com cobertura de caramelo! 

No quintal,
bem legal,
o poço tem água de côco,
e a torneira
sempre aberta na laranjeira
jorra jarras
fazendo cachoeira
de laranjada! 

Mas o segredo está na cumeeira
onde mora a cozinheira:
Minha nossa, que eficácia!
É Tia Anastácia
do Sítio do Pica-Pau Amarelo!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Descoisa




Por que ? tenho que botar ponto no fim da linha
por acaso as palavras vão . cair


E por que a linha começa com letra maiúscula
se a gente nasce pequeninho
e depois é que vai ? crescendO


Por que eu tenho que aprender as coisas direito
se você entende direitinho
os meus errados?


E por que sempre eurrado e vocérto?
As coisas são só coisas
por que a gente não pode ? dezcoisar!


Experimenta pimenta
!Exclamar interrogando?
?Perguntar exclamando!


Experinventa desaprender comigo
vivemos um dia por vez
primeiro um dos meus
depois um dos seus


e a cada três decididimos qual
vai amãenhecer diamanhã: